Ògun

 

Sobre Ogum:

Ogum é patrono de ferreiros, caçadores, guerreiros e todos os que lidam com ferro e aço, incluindo os profissionais que realizam tatuagens e circuncisões, os policiais e os cirurgiões. Escolhido por Elédùnmarè para abrir caminho à civilização, Ogum, forte e poderoso, é o herói civilizador: trabalha sobre a natureza do ferro e do fogo. Rege a mineração, a metalurgia, a guerra, a caça e a agricultura, ligando-se assim à questão do trabalho e da tecnologia. Desbravador, abre caminhos para realizações, encontrando-se por isso estreitamente relacionado às Iyami Oxorongá. Ogum é considerado muito feroz. Qualquer contrato ou juramento selado em seu nome deve ser cumprido: são costumes tradicionais beijar um pedaço de ferro ou morder uma chave para demonstrar compromisso com a verdade e a justiça, em nome de Ogum: caso o compromisso não seja cumprido ou haja juramento falso, considera-se que o faltoso sofrerá sérias consequências. Por outro lado, em muitos mitos sua generosidade é exaltada: “O sucesso da colheita fez sua casa farta e seus vizinhos foram beneficiados por sua grande generosidade. Compartilhava alimentos e conhecimentos, ensinando-os a caçar, forjar, guerrear e plantar”. Alguns de seus epítetos enfatizam sua importância no panteão de orixás: Alakaaye (Aquele que é espalhado pelo mundo inteiro); Olójó (Dono do dia); Ògún Onírè (Ogum, Rei de Irê).A sociedade de caçadores, ferreiros, mineradores e outros profissionais que têm Ogum por mentor denomina-se Egbé Odè. São guardiões do conhecimento trazido por esse orixá. Todas as atividades profissionais regidas por Ogum são atribuídas a homens de personalidade forte e, para ser um bom caçador, é necessário, entre outras coisas, aprender segredos que dizem respeito à sabedoria primordial desse orixá. Caçadores experientes detêm conhecimento a respeito de recursos mágicos de ação sobre a natureza da floresta, para que sua presença e atividades sejam admitidas nesse ambiente.Fonte:Odudwa Centro Cultural.

 

 

Lenda de Ogum:

disputando com Sango

 

Ogum e Sango nunca se reconciliaram e, vez por outra, se degladiavam nas mais absurdas disputas. Certa vez Ogum propôs a Sango que dessem uma trégua em suas lutas, pelo menos até a próxima lua que chegaria. Sango fez alguns gracejos ao quais Ogum revidou, mas decidiram por uma aposta, continuando assim a disputa.Ogum propôs que ambos fossem à praia e recolhessem o maior número de búzios que conseguissem e quem vencesse daria ao perdedor o fruto da coleta.
Deixando Sango, Ogum seguiu para a casa de Oiá e solicitou-lhe que pedisse à Ikú (a morte) que fosse à praia no horário em que ele havia combinado com Sango. Oyá exigiu uma quantia em ouro, o que prontamente recebeu de Ogum. Na manhã seguinte, Ogum e Sango se apresentaram na praia, iniciando a disputa.
Vez por outra se entreolhavam e Sango cantarolava sotaques jocosos contra Ogum. O que Sango não percebeu é que Ikú havia se aproximado dele. Sango levantou os olhos e se deparou com Ikú que riu de seu espanto. Sango largou sua sacola com os búzios colhidos e desesperado se escondeu de Ikú. À noite Ogum procurou Sango mostrando seu espólio. Sango, envergonhado, abaixou a cabeça e entregou ao guerreiro o fruto de sua coleta".